15/11/2008

Querido Diário - Capítulo 3

Eu sempre disse que nunca haveria de ter todo o tempo do mundo para te contar os episódios da minha vida mundana... Mas de facto há alturas em que não só apetece, como sabe tão bem escrever-te... :)

E neste teu capítulo, muito tenho para contar, tanto é qu
e não estou certa de o conseguir fazer de uma só vez, mas ainda que assim seja... Vou contando!

Parte I - A ponte entre a infância e a adolescência...


Quando era criança gostava de ser tratada como adulta, nunca gostei que achassem que sabiam tudo sobre a minha pessoa e muito menos que me abordassem da forma errada. Se alguém se aproximava de mim e dizia "Olá, é muito gira a tua rou
pa" eu respondia "Obrigada, foi a minha mãe que escolheu" e assim começava uma conversa com possibilidade de ser duradoura... Se pelo contrário, a primeira abordagem era "Olá, como é que te chamas?" eu respondia "O que é que tens haver com isso?"... Era uma coisa que me incomodava, essa a da cusquice...!

(Não é que hoje não incomode, até pelo contrário, este tipo de coisas tendem a piorar durante o nosso percurso de vida...)

Há medida que fui crescendo, continuei a ter o mesmo feitio, apenas cada vez mais evidente - I'm not a people person! Logo, quando durante a escola primária, a menina que era mais popular da escola não gostava de mim, eu também não fazia questão de confraternizar para com a dita. A diferença é que, enquanto as outras meninas não eram capazes de pensar por elas próprias e seguiam o exemplo da menina mais popular, eu não tinha muita paciência e optava por ir brincar com os meninos! Claro que num instante as outras meninas acabavam por querer brincar comigo e ser minhas amigas, pois como eu conhecia os meninos era mais fácil arranjarem namorados! Era outra coisa que me incomodava, essa a do interesse...!

(sim, sou eu nesta foto...)

De facto, sempre fui muito decidida, tanto para o bom como para o mau. E se por um lado não me dava com gente interesseira e intriguista, por outro nunca consegui perceber o porquê desta realidade, o que é que leva as pessoas a necessitar de prejudicar os outros para rejubilar de felicidade e satisfação... Mas creio que por muito que procure respostas a esta questão, nunca as vou encontrar, não faz parte dos meus genes! E ainda bem que assim é...

Fui continuando a crescer e a ser assim, com mau feitio! Durante a escola, tive sempre uma ou outra desavença com os colegas que tinham a ambição de dominar o mundo... Pois é, eu também a tinha! A diferença é que para mim o fins não justificam os meios e, no fim de contas, o meu mundo sempre foi mais feliz assim!

Continuei fixa nos meus objectivos e embora por vezes me desviasse deles nunca perdi de vista o lugar onde queria chegar. Não é fácil.



Quando ficamos sozinhos temos duas hipóteses... Podemos revoltar-nos com o mundo ou aprender a viver com isso. Eu aprendi e aprendi a gostar disso! Não é necessariamente mau, torna o tempo maior...

Aprendi que todos temos uma "bolha" (sim, tipo bolha actimel!) e é nesse espaço que somos verdadeiros. Ninguém nunca vai entrar porque todos temos um espaço só nosso, onde está o mais profundo de nós. Por muito que vejamos nos filmes que a nossa alma gémea tem acesso a esse nosso espaço, é mentira. Todos temos os nossos segredos, medos, amores e desamores que mantemos secretos pelo tempo de uma vida... Aprendi a respeitar a "bolha" dos outros e enquanto cada um se mantiver na sua, estamos todos bem!


Parte II - A ponte entre a adolescência e a idade adulta...

Não é assim tão diferente da adolescência, essa da idade adulta. Quando os recalcamentos estão lá, pode até ser pior! Para mim, acabou por ser mais simples...

Hoje em dia, estou rodeada de pessoas, todas elas diferentes naturalmente, mas muito poucas compatíveis comigo. Por uma questão de escolha, minha, obviamente. Continuo com cada vez menos paciência para a futilidade do mundo, mas aceito que o mundo também não tenha paciência para a minha!

A única coisa que quero é que, aqueles a quem amo, sejam verdadeiros, não comigo, mas com eles.

É por isso que os amo, por aquilo que são e não por aquilo que poderiam ser para mim.


No fundo... Estou cansada de pessoas que não sabem o que querem, e quando sabem o que querem não sabem do que gostam!

Eu sei o que quero e o que gosto. A todos os que quero, quero que saibam o quanto gosto de vós!

Até breve... Para mais umas conversas sobre este meu mundinho desvairado onde tanto gosto de viver!

Deixo-vos com um video que faz parte de mim e quase de certeza de todos vós...